com a palavra

Organizadora do Festival de Cinema Estudantil fala sobre os desafios como empreendedora cultural

da redação


Fotos: Arquivo Pessoal

A empreendedora cultural Mariangela Cardoso, 57 anos, tem como suas maiores paixões a família, os animais e o cinema estudantil. Enfermeira durante quase toda a carreira, hoje, atua na organização do Festival Internacional de Cinema Estudantil (Cinest) e na busca por mais acessibilidade. Casada há 35 anos com Rudmar Marques Cardoso e mãe de dois filhos, Thiago, 33, e Thalles, 25, essa santa-mariense fala, nesta entrevista, sobre a infância, a trajetória e as bandeiras que levanta em sua atuação na sociedade.

Diário - Quais as lembranças mais marcantes da infância?
Mariangela Scheffer Cardoso - Lembro de muitos fatos que marcaram minha infância, como as casinhas embaixo das mesas, bonecas como as fofoletes, minúsculas com toucas de pompom. Organizava chá de bonecas para juntar amigas. Também ajudava meu pai, Benicio Scheffer, a fazer carrinhos, caminhas e mobílias que distribuíamos no Natal.

Diário - Conte sobre a trajetória profissional até aqui e o que faz atualmente?
Mariangela - Desde cedo, tinha sonho de trabalhar na área de saúde e ajudar. Também sempre gostei de atividades relacionadas à arte. Estudei e consegui exercer a enfermagem. Quando surgiu a oportunidade, fiz o curso de Extensão em Cinema Digital pela UFSM, em 2006. Desde então, passei a participar de produções. Mesmo trabalhando no hospital, nesses últimos 10 anos, nas horas vagas, ministrava oficinas de cinema na escola. Já procurava dar oportunidade às crianças que se sentiam excluídas. Um dos projetos que foi desenvolvido nesta linha de pensamento foi "Sementinhas -Despertando para um novo olhar", usando cantigas de roda e contos adaptados à realidade destas crianças. Um projeto que trabalhava autoestima, valores e respeito, onde os personagens eram criados e adaptados para trabalhar as dificuldades das crianças. Esse trabalho foi realizado juntamente com diretor e fundador da Cia de Cinema: Jayme Filho e a diretora de arte Ana Machado. Em 2012, então, surgiu o festival. Desde 2005, já tinha em mente o atual Cinest, mas estava engavetado. Pensava que seria muito difícil fazer um festival. Em 2012, com apoio de um amigo, o Daniel Paim, presidente conselho até ano passado, e meu esposo, Rudmar, resolvemos criar o Cinest. Não tínhamos nenhum dinheiro, mas, buscando apoio e trabalhando muito, foi realizado como mostra estudantil e, em 2013, como festival competitivo. Venho realizando atividades relacionadas ao cinema estudantil, principalmente, depois da criação do Festival Internacional de Cinema Estudantil (Cinest), visando cada vez mais tornar o festival acessível. Realizei minha primeira audiodescrição, ao vivo, no Grand Prix Infraero de Judô para Cegos em 2015, onde comecei a me interessar mais ainda em trabalhar com estes recursos. Também visando oportunidade e acessibilidade, procurei capacitação, fiz curso de audiodescrição básico na UFSM, pelo Núcleo de Acessibilidade. Ali, pude aplicar meu aprendizado e proporcionar aos cegos e baixa visão presentes a oportunidade de acompanhar e assistir no Theatro Treze de Maio o espetáculo Dançar as Coisas do Pago.


Primeira audiodescrição ao vivo no Grand Prix Infraero de Judô para Cegos em 2015 

Diário - Como é a experiência de organizar o Cinest?
Mariangela - Um desafio a cada dia e momentos mágicos na hora da projeção. Para alcançar os objetivos e o sucesso do evento, muita determinação e trabalho duro. A cada ano, mais confiante e certa de que estamos conseguindo atingir os objetivos que esse Festival se destina. Agradeço muito às empresas que acreditam em nosso trabalho e, juntos, fazem o Cinest acontecer.

Diário - Qual a importância da acessibilidade e quais as principais dificuldades enfrentadas para implantar ações neste sentido?
Mariangela - O ideal seria que hoje estivesse presente nos espaços, no meio físico, no transporte, na informação e comunicação. Preocupa-me que a pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida enfrente tantos obstáculos para conseguir participar das atividades em nossa cidade, pois a maioria não dispõem de recursos de acessibilidade. Muitas são as barreiras, como locomoção, audiodescrição, intérpretes em Libras. Há quatro anos, realizamos o Seminário Educação, Cinema e Acessibilidade, dentro do Cinest. Acredito que é no ambiente escolar que precisam começar a educação e a conscientização da importância da acessibilidade. Sabemos que muito temos que andar ainda, mas, se unir forças, isso será possível.

Diário - Como você avalia a importância da cultura para a sociedade? Fale também um pouco sobre a sua atuação no meio.
Mariangela - A cultura faz parte da minha vida, e enquanto ela não for levada a sério, com mais ações, nossa sociedade continuará engatinhando. Venho tentando, a cada ano, proporcionar, através do Festival, um pouco de cultura já que a troca de conhecimentos e experiências são ricas nesses eventos.


Audiodescrição no espetáculo Dançar as Coisas do Pago 

Diário - O que planeja para o futuro?
Mariangela - Estudar e aprofundar meus conhecimentos para tornar o festival de cinema Cinest acessível para todos. Fazer deste um festival de oportunidades e crescimento dentro do universo cinematográfico estudantil. Quando desejamos alcançar novos patamares de excelência pessoal e profissional, a primeira grande ação a ser realizada é a nossa preparação para expandir a mente. Sempre repito para mim mesma, umas 100 vezes por dia, que minha vida profissional depende também do trabalho de outras pessoas e que preciso me superar, a cada dia, para dar aos outros algo próximo do que eu recebi e recebo. Ninguém nasce perfeito. Deve-se aperfeiçoar dia a dia, tanto pessoal, quanto profissionalmente, até, realizar-se por completo.

Carregando matéria

Conteúdo exclusivo!

Somente assinantes podem visualizar este conteúdo

clique aqui para verificar os planos disponíveis

Já sou assinante

clique aqui para efetuar o login

Calorão dá uma trégua no final de semana após a volta da chuva em Santa Maria Anterior

Calorão dá uma trégua no final de semana após a volta da chuva em Santa Maria

Ruas do Bairro São José vão ser pavimentadas em Santa Maria Próximo

Ruas do Bairro São José vão ser pavimentadas em Santa Maria

Geral